sábado, 5 de maio de 2012

A Educação dos Médiuns

 Texto para reflexão dos médiuns em geral...

Se é certo que todos temos possibilidades mediúnicas, também o é que nem todos possuem faculdades suficientemente desenvolvidas para atuarem, dominantemente, no ambiente em que vivem, pois somente em determinada fase do desenvolvimento, tal coisa é possível.
Até chegar a esse ponto, são, pois, os médiuns, vítimas de inúmeras perturbações, mais que quaisquer outros.
Quando, afinal, atingem um certo grau de eficiência própria, com a eclosão e o domínio das faculdades, seus organismos ficam sujeitos a um funcionamento psíquico complexo e delicado, que exige constantes cuidados. E, por outro lado, justamente porque entram em campo de trabalho coletivo, pelo exercício diário das faculdades, passam a sofrer tentações de toda espécie.
Em geral, é muito descuidada a educação dos médiuns e ainda não se chegou, no Espiritismo, a um conhecimento seguro e esclarecido a respeito deste assunto.
De início não basta qie se mandem os médiuns assistir sessões ou ler livros de Doutrina, porque muitas vezes, nessas sessões, não encontram eles orientadores competentes, nem o ambiente saturado de pureza fluídica de que necessitam e, quanto à leitura, nem sempre ela lhes fornecerá os esclarecimentos indispensáveis, de forma objetiva, que sirva de norma prática de conduta pessoal.
Muito raramente os médiuns podem ser autodidatas: invariavelmente precisam de orientação e orientadores competentes; como quaisquer outros, são discípulos que precisam de mestres. Em geral, ao se entregarem ao desenvolvimento, ao invés de obterem alívio para suas perturbações, de ocorrência infalível, consolo para suas mágoas, esclarecimento para suas dúvidas, força para sua luta obscura, segurança para suas vidas, encontram, muitas vezes, o personalismo de uns, a ignorância de outros, e um conhecimento empírico ou falso, que ainda lhes envenena a alma com supertições grosseiras.
Quando precisariam de ambientes claros e elevados, encontram muitas vezes atmosferas pesadas, hostis, de Espíritos inferiores, que ainda vêm acrescentar influências perniciosas àquelas de que já eram vítimas e contra as quais, justamente, iam buscar auxílio.
É preciso, portanto, que somente frequentem sessões onde encontrem ambientes verdadeiramente espiritualizados, onde imperem as forças boas e onde as más, quando se apresentarem, possam ser dominadas.
E sessões desta natureza só podem existir onde haja, da parte de seus dirigentes, um objetivo elevado a atingir, fora do personalismo e da influência de interesses materiais, onde os dirigentes estejam integrados na realização de um programa elaborado e executado em conjunto com entidades espirituais de hierarquia elevada.
Sem espiritualidade não se consegue isso; sem Evangelho, não se consegue espiritualidade e sem o propósito firme e perseverante de reforma moral, não se realiza o Evangelho.
O médium, antes que qualquer outro, deve se bater pela conquista de sua espiritualização, fugindo à materialidade, combatendo paixões animais e organizando um programa de vida moral que o afaste dos vícios e o aproxime da perfeição.
Referindo-se mao hábito errôneo de médiuns de efeitos físicos se julgarem privilegiados e de receberem de forma altamente mística o Espírito materializado, reverenciando-o como se a materialização fosse um fenômeno sobrenatural e sagrado, diz André Luiz: "O próprio verbo referente ao assunto em sentido literal, não encoraja qualquer interpretação em desacordo com a verdade. Materializar significa corporificar."
"Ora, considerando-se que mediunidade não traduz sublimação e sim meio de serviço, e reconhecendo, ainda, que a morte não purifica, de imediato, aquele que se encontra impuro, como atribuir santidade a médiuns da Terra ou a comunicantes do além pelo simples fato de moderarem formas passageiras entre dois planos?"
"A força materializante, prossegue o Autor, é como as outras manipuladas em nossas tarefas de intercâmbio: independem do caráter e das qualidades morais daqueles que as possuem, constituindo emanações do mundo psicofísico, dos quais o citoplasma é uma das fontes de origem."
Somente assim, quando mantiver seu corpo limpo e seu coração purificado, quando for capaz de pensamentos e atos retos e dígnos, poderá então considerar-se apto a receber e transmitir a palavra dos verdadeiros mensageiros divinos.
O Espiritismo, como doutrina, é inatacável, porque tem seus fundamentos no Evangelho do Cristo, mas apresenta falhas na sua prática, já que esta, como é natural, é realizada pelos homens; mas é educando e formando os médiuns para o trabalho evangélico, que conseguiremos modificar esta situação. O campo evangélico é o único perfeito e o mais elevado e quando chega a poder utilizar suas faculdades neste campo, é que o médium está verdadeiramente em condições de executar sua tarefa no mundo.

Livro Mediunidade - Edgard Armond

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