DOS FRACASSOS E DAS QUEDAS...
OS FRACASSOS
Das cidades, colônias e demais núcleos espirituais do
Espaço, constantemente partem, com destino à Terra, trabalhadores que pediram
ou receberam, como dádivas do Alto, tarefas de serviço ou de resgate, no campo nobilitante
da mediunidade.
Um complexo e delicado trabalho preparatório é
realizado pelos protetores espirituais para oferecer-lhes aqui condições
favoráveis à execução das tarefas ajustadas: corpo físico, ambiente doméstico,
meio social, recursos materiais, etc., e isso além dos exaustivos esforços que
envidam para o desenvolvimento regular de encarnação propriamente dita (defesa,
formação do feto etc.).
Dado, porém, o nascimento, transcorrida a infância e a
juventude quando, enfim, soam ao seu íntimo e ao seu redor, os primeiros
chamamentos para o trabalho edificante, eis que, muitas vezes, ou quase sempre,
a trama do mundo já os envolveu de tal forma que se tornam surdos e cegos,
rebeldes ao convite, negligentes ao compromisso, negativos para o esforço redentor.
Deixam-se dominar pelas tentações da matéria grosseira,
aferram-se ao que é transitório e enganoso e, na maioria dos casos, somente ao
guante da dor e a poder de insistentes interferências punitivas, volvem seus
passos, relutantemente, para o caminho sacrificial do testemunho.
Não consideram, desde logo, que ninguém desce a um
mundo de expiação como este, para usufruir repouso ou bem-estar, mas sim
unicamente para lutar pela própria redenção, vencendo os obstáculos inumeráveis
que a cada passo surgem, vindos de muitas direções.
Os dirigentes das instituições assistenciais ou
educativas do espaço têm constatado como regra geral que poucos, muito poucos
médiuns triunfam nas tarefas e que a maioria fracassa lamentavelmente, apesar
do auxílio e da assistência constantes que recebem dos planos invisíveis; e
esclarecem também que as causas gerais desses fracassos são: a ausência da
noção de responsabilidade própria e a falta de recordação dos compromissos
assumidos antes da reencarnação.
Ora, se o esquecimento do passado é uma contingência,
porém necessária, da vida encarnada de todos os homens, ele não é, todavia,
absoluto, mormente em relação aos médiuns, porque os protetores, constantemente
e com desvelada insistência, lhes fazem advertências nesse sentido, relembrando
seus deveres; muito antes que o momento do testemunho chegue, já eles estão
advertindo por mil modos, desenvolvendo nos médiuns em perspectiva, noções bem
claras de sua responsabilidade pessoal e funcional.
Por isso, das causas apontadas acima, somente julgamos
ponderável a falta de noção de responsabilidade, porque, se essa noção
existisse, os médiuns desde logo se dedicariam à tarefa, devotadamente.
Isso é lógico, tratando-se de médiuns estudiosos, que
se preocupam com a obtenção de conhecimentos doutrinários, porque, para os
demais, à irresponsabilidade acresce a ignorância e a má vontade.
E essa noção de irresponsabilidade é tão ampla que
muitos médiuns, mormente aqueles que o orgulho pessoal ou as ambições do mundo
dominam, maldizem a posse das faculdades que possuem, como se fossem estorvos;
e outros há, menos radicais, mas não menos desorientados, que lastimam não
serem incosncientes, para poderem então exercê-las à revelia de si mesmos.
Quão poucos, os esclarecidos e lúcidos, que se prosternam
e, humildemente clamam: Bendito sejas, ó Senhor, que me haveis concedido tão
excelente e poderosa ferramenta de serviço redentor! Graças, Senhor, por me
haverdes separado para o trabalho da tua vinha!
AS QUEDAS
As quedas são mais comuns nos degraus inferiores da
escala evolutiva e tanto mais dolorosas e profundas se tornam, quanto maior for
o cabedal próprio de conhecimentos espirituais adquiridos pelo Espírito.
"Estado de evolução" e "estado de
queda" são duas condições de caráter geral, em que se encontram os
Espíritos nas fases inferiores da ascese.
Essas são as condições que dominam no Umbral o qual,
como sabemos, é uma esfera de vida purgatorial, bem como nos planos que lhe
estão, até um certo ponto e de um certo modo, imediatamente acima.
Quando, porém, as quedas se acentuam devido à
reincidência de transgressões, elas levam os culposos às Trevas, esfera mais
profunda, de provas mais acerbas, situada abaixo da Crosta.
Entretanto, em qualquer tempo ou situação, o Espírito
culposo pode retomar a evolução, voltando à ascese, desde que reconsidere,
arrependa-se e se disponha ao esforço reabilitador.
a misericórdia divina cobre a multidão de pecados e dá
ao pacador incessantes e renovadas oportunidades de redenção. A redenção, pois,
não é um acontecimento extraordinário, um ato de "juizo final" mas
sim a manifestação da misericórdia de Deus em muitas oportunidades, no
transcurso do esforço evolutivo.
Mas, perguntarão: o fracasso, na tarefa mediúnica, não
sendo reincidente, lança o médium primário no estado de queda?
Não, desde que ele, no exercício das faculdades
próprias, não tenha cometido crimes contra o Espírito. Esse fracasso primário
traz ao médium uma parada na ascese evolutiva; fica ele em suspensão,
aguardando nova oportunidade, temporariamente inativo, dependendo de nova tarfa
redentora, que lhe será ou não concedida conforme as circunstâncias do
fracasso: negligência, vaidade, cupidez, etc.
Mas lançá-lo-á na queda se praticou o mal
conscientemente; se permitiu que suas faculdades fossem utilizadas pelos
representantes das forças do mal; se orientou seu próximo por maus caminhos,
lhe destruiu no Espírito a semente redentora da Fé, ou lhe perverteu os
sentimentos fazendo-o regredir à animalidade; enfim, se deturpou a Verdade e
lançou seu próximo ou a si mesmo no caminho do erro da iniquidade.
Há uma lei invariável que preside a este assunto:
quando o médium se dedica à tarefa em comunhão com os Espíritos do bem, está em
estado de evolução; quando ao contrário, a despreza ou, por mau procedimento,
dá causa ao afastamento desses Espíritos, cai então sob a influência dos
Espíritos do mal e entra em estado de queda.
A esse respeito diz André Luiz: "No campo da vidca
espiritual, cada serviço nobre recebe op salário que lhe diz respeito e cada
aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde".
E prossegue:
"Mediação entre dois planos diferentes sem
elevação de nível moral é estagnação na inutilidade".
"O pensamento é tão significativo na mediunidade,
quanto o leito é importante para o rio".
"Ponde águas puras sobre um leito de lama pútrida
e não tereis senão a escura corrente da viciação".
E mais: "Jesus espera a formação de mensageiros
humanos capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu Reino".
(Mediunidade - Edgard Armond)
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